— Escrever é um ato de desapego.
Quando a gente solta um texto, deixamos de ser nós mesmos para sermos outra coisa. Alguns subvertem esse ato e o usam pra se auto-promover, obter amigalhas de atenção, massagear o Ego, enfim, o de sempre.
Eu não.
O meu trabalho tem uma imagem "pública" que é a de divertir as pessoas.
Porém, o meu Mil Nomes é uma mensagem que eu deixo neste mundo.
É minha assinatura na árvore da vida, um gesto que tem o seu lado egocêntrico, lógico, mas é um ato de perenidade.
A demonstração de que a existência humana é absolutamente efêmera.
E quase sempre inútil, infelizmente.
— Diferente do carinha que escreve pra poucos por "opção" (que mais me cheira a incompetência e MEDO), eu quero levar adiante meu nome mas principalmente minhas idéias. Quero, pelos meus livros, mostrar que aqui passou um cara chamado Zé Roberto Pereira, filho do seu Benedito e da dona Maria.
Que pensava nisso, nisto, assim, assado.
E que o leitor mais atento pode ver, em seus textos, um reflexo pálido de sua (minha) alma.
— Acho, portanto, que escrever é a minha libertação.
É o meu sentido, é meu objetivo existencial.
Todo o resto tem seu valor, claro: filhos, esposa, casa, dinheiro, etc.
Mas isso tudo PASSA!
TUDO passa.
Eu passarei, já estou passando, aliás.
Mas o que fica, digo, o que PERMANECE (ainda que por um certo tempo) é minha Arte.
E ela importa mais do que eu mesmo.